sexta-feira, 18 de junho de 2010

Passeio em Furnas 2010

Nos dias 14, 15 e 16 de maio, adolescentes do Projeto Jovem Trabalhador realizaram um belo passeio para Capitólio/MG, na região dos lagos de Furnas, o “Mar de Minas”.
Com o desejo de que os adolescentes aprendam não apenas uma paixão pelo trabalho, mas também um gosto pela vida, esta proposta foi uma provocação para estar frente à realidade em sua totalidade como algo que nos é dado.
Com gincanas, saraus diante do pôr do sol, banho no lago de Furnas, limpeza da casa, brincadeiras e o testemunho de nossa amiga Sêmea, de Brasília/DF, pudemos aprofundar o tema do Projeto neste ano “Tornar especial o cotidiano”.
De fato, o cotidiano pode ser resgatado da rotina pelo elo que liga cada instante ao infinito e, através da beleza do lugar e dos relacionamentos pudemos começar a experimentar isso. Éramos 56 pessoas, dentre adolescentes, mães e educadores."









Tornar especial o cotidiano

Essa foi a proposta com a qual nos deparamos em furnas. Logo vem aquele desejo de viver toda a intensidade daqueles dias. Foi como uma ‘férias dos colegiais’ porém com pessoas do Projeto Jovem Trabalhador das Obras Educativas e alguns colegiais conhecidos.

Espantei-me com aquelas pessoas, não esperava que elas me fizessem sentir tão bem, eu me senti tão pequeno diante de tanta vivacidade, diante da beleza das fotos tiradas por Jonas, que captavam a simplicidade do cotidiano da natureza. Essas fotos mostram como ele estava inteiro mergulhado na proposta.
Foi incrível perceber o crescimento de alguns amigos, o olhar deles para a vida havia mudado de uns tempos pra cá. Em especial, Alex e Daniel agora são testemunhas para mim. Mais do que nunca, agora, quero segui-los, estar com eles, viver como eles.
Os amigos de quem falo me olham com uma afeição que não é deles. Sinto-me abraçado pelo olhar desses amigos.

A visita da Sêmea foi uma surpresa. A história que trazia consigo era de extrema beleza, a história dela, a história de Edimar – que conhecia por livro, mas representada por ela que viveu tudo aquilo parecia ter mais emoção, sem falar nos detalhes que fazem toda a diferença - chocou a mim, como a todos que estavam no salão. Não sabia como reagir ao final do testemunho, mas com o coração inquieto tive a certeza de Cristo presente naquele instante.
A cada encontro uma pessoa fica, um amigo fica, uma frase, alguma coisa fica. Estes são os ladrilhos do meu caminho para encontrar Cristo.

O cotidiano de furnas foi marcado por inúmeros, recorrentes e fortes chamadas de atenção para viver minha vida atento aos sinais Dele, que enchem meu coração de Letícia.
Está virando rotina reconhecer esses sinais.
Filipe Otávio Miranda Nogueira, 17 anos, Belo Horizonte




Cotidiano mais que especial

Sob olhares apreensivos de alguns pais e um céu que prometia tempo bom para o fim de semana, saiu o ônibus para mais uma excursão ao município de Capitólio na tradicional convivência denominada “Furnas”. O atraso não menos tradicional denunciava que desembarcaríamos já no início da madrugada, mesmo porque saímos numa quinta feira com trânsito de sexta e muitos passageiros estariam no caminho.

Todos a bordo até o anel rodoviário e seguimos aliviados, a não ser pela preocupação com a integridade daqueles adolescentes, os limites que cada ultrapassaria e os que não poderiam ultrapassar ali.


- Apaga a luz! Gritavam do fundão, ao que respondíamos: feche os olhos! Tudo é festa e tudo é aprendizagem. Alguns nunca saíram de Belo Horizonte, tampouco ficaram longe da família. Esse tipo de evento se tornou cada vez mais raro pelo trabalho demandado na organização e principalmente pelo risco de se responsabilizar pelos adolescentes. Para tanto, é fundamental preparar a turma antes e preparar cada momento da convivência. Não que este percurso faça prescindir a surpresa, que muitas vezes é a melhor parte.


“Furnas” aparentemente se tornou um mito no bairro felicidade, mas essencialmente é pura expressão do concreto como instrumento educativo no Programa de Aprendizagem das Obras. A experiência de organização de “Furnas” tem um grande peso neste processo, mas, deixar-se tocar pelos detalhes observados a cada ano é o que tem motivado a continuidade do projeto, haja vista os testemunhos dos participantes e a descrição dos “encontros” que fizeram.
Todos chegam ao rancho com a bagagem cheia do “urbano” e logo descobrem que o que era essencial é dispensável, não apenas lá, mas também na cidade! Os que queriam fugir dos problemas reencontraram-se com eles, numa nova perspectiva. É difícil absorver tudo, alguns vêem a beleza, outros é que conseguem registrá-la numa foto; desde a flor até o pôr do sol. O camarote de sábado dava direito a canjica liberada e, além do pôr do sol, também ao bônus do por da lua. A relação com o espaço adquire um sabor intenso e passa pelas mais diversas escalas, que se estendem desde os insetos no jardim até a estrela mais distante, passando pela extensa massa azul das águas da represa.


Oração, beleza, reflexão, brincadeira e festa se completam e percebe-se que é dessa mistura que se forma o cotidiano... Sendo assim, um desafio é proposto constantemente durante os encontros: pode-se viver tudo isto em qualquer lugar e não apenas em uma viagem?
Os limites e as fraquezas de cada um se expõem de maneira evidente após alguns dias de convivência, mas somados as potencialidades, resgatam nossa feição humana e o desejo de viver cada coisa de um jeito melhor.


O ônibus volta, certamente, mais “pesado” do que na ida, pois além do cansaço do corpo, a sujeira nas roupas e a saudade de tudo, traz, também, algo que modificou definitivamente a vida de todos: as marcas dos encontros que fizemos. Em Piumhi, uma primeira e longa parada nos ajuda a resgatar a origem das coisas e, entrar na casa da Lúcia nos faz tocar no rastro da história, estendendo nosso agradecimento à família e às pessoas que fazem parte da nossa vida.


Voltamos pra casa com a inevitável sensação de que aprendemos muito e com a agradável surpresa de saber que ainda precisamos aprender muito mais. Evidencia-se também que a realização desta convivência requer cada vez mais atenção e abertura para responder algumas necessidades educativas. A experiência sugere, mas não determina as necessidades de cada grupo, nem nos deixa descuidar ou facilita a realização do evento. “Furnas” é cada vez mais trabalhoso. O trabalho é que se torna cada vez melhor.

Wallace (educador do projeto)

Maravilhoso por do sol no lago de Furnas

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